12.2.07

ninguém escreve ao coronel

Apesar de comprado em 2004, tardou a oportunidade para o ler.
«Ninguém escreve ao coronel», é uma pequena crónica/novela que com poucas palavras e páginas, consagra Gabriel Garcia Marquez (GGM) como um arquitecto da palavra. A história cresce muito lentamente (mais do que seria de esperar para um livro tão pequeno), mas o "arrastar" da acção acontece sem cair na monotonia, acentuando até, a magistral transposição para o papel da angústia das personagens. O inesperado e repentino fim cai-nos de repente nos braços, quando se espera o desenvolvimento dos factos. GGM abdica da "prosa presumida" e dá-nos a possibilidade de imaginar o fim, dando-nos como princípio para tal exercício o ponto mais alto a que pode chegar a frustação de um homem. Sendo pequeno, o livro foi lido em pouco mais de uma hora. No entanto, fica na lista para reler e dar a ler, de forma a escalpelizar tudo o que há no texto e que não é perceptível na primeira leitura, principalmente quando o estado de espírito é demasiado igual ao do coronel e da esposa.

"-Na semana passada, apareceu uma mulher na cabeceira da minha cama - disse. Tive coragem para perguntar quem era e ela respondeu-me: «Sou a mulher que há doze anos morreu neste quarto.»
-A casa foi construída há dois anos apenas - precisou o coronel.
-Pois é - disse a mulher.-Isso quer dizer que até os mortos se enganam."

Sem comentários: