portugal illustrated
Comprado aqui. Depois disso, li páginas à sorte e foi folheado esporadicamente até ter vontade de lhe pegar do princípio ao fim.
É um livro que tem um livro dentro. Isabel Oliveira Martins disseca a obra de Kinsey e estabelece uma ponte de três entradas entre nós (leitores), a nossa História e a obra de Kinsey. As inúmeras transcrições da obra só me motivaram ainda mais para encontrar o original de Kinsey, e encontrei (!) aqui, mas em versão digital. Ler no monitor está fora de causa (por enquanto!), pois falta-me a textura do papel, a possibilidade de riscar e anotar, e a portabilidade para a leitura em viagem. Assim, a visita a alguns alfarrabistas do Porto faz parte do roteiro de uma das próximas idas à Invicta.
"Através das observações de Kinsey, podemos conhecer igualmente pormenores quanto às cerimónias fúnebres e ao modo como se processam. O viajante faz uma descrição longa de um funeral a que teve ocasião de assitir (pp.174-176), em que, desde a preparação do corpo, os ritos do enterro até ao período de luto, tudo é mencionado pelo autor, que entretanto já tinha criticado o Governo português sobre a questão dos enterros (embora previna que não teve ocasião de ser testemunha do caso que refere). Segundo o que lhe disseram, quando uma pessoa morre e não deixa recursos monetários para o funeral, o corpo é abandonado no meio da rua, com uma caixa sobre o peito destinada a receber dinheiro dos transeuntes, até atingir o necessário montante para ser enterrado. Entretanto o cadáver é guardado contra possíveis roubos por um soldado (p.114). Os sepultamentos em igrejas são outro dos aspectos que Kinsey critica:
O cheiro nauseabundo da mortalidade corrupta que sai debaixo do chão de madeira é tal que se torna quase esmagador; e o facto espantoso é o de que este costume horrivel ainda não tenha produzido nenhuma doença epidémica (p.116)."
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